terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Panvel está vendendo livro sobre o bairro Moinhos de Vento


Graças a uma gentileza do Júlio Mottin, proprietário da Panvel Farmácias, os últimos exemplares de meu livro Moinhos de Vento – Histórias de um bairro de Porto Alegre estão sendo vendidos em quatro lojas do grupo. São, justamente, as lojas situadas no bairro Moinhos de Vento, nas ruas 24 de outubro, Goethe, Padre Chagas (foto). E o livro está bombando na Panvel, sobretudo no Moinhos Shopping. Trata-se de um sucesso que vem sendo constante desde que a obra foi lançada, em outubro de 2008. Moinhos de Vento – Histórias de um bairro de Porto Alegre também está disponível nas livrarias Saraiva dos shoppings Moinhos e Iguatemi.
Para os que pensam que o Moinhos de Vento é apenas o Parcão, o Hotel Sheraton, o Moinhos Shopping, a Padre Chagas e a hoje extinta Calçada da Fama, vejam só o elenco que morou ou esteve ligado ao bairro em mais de 100 anos de sua existência:

A.J. Renner, Getúlio Vargas, Érico Veríssimo, Leonel Brizola, Ildo Meneghetti, João Goulart, Caetano Veloso, Daiane dos Santos, Clodovil, Thomaz Koch, Castelo Branco, Dom João Becker, Dom Vicente Scherer,Flores da Cunha, Alberto Bins, Elis Regina, Jair Rodrigues, Miriam Makeba, João Wallig, Paixão Côrtes, Breno Caldas, Maurice Chevalier, Herman's Hermits, João Gilberto, Maria Bethânia, Abramo Eberle,Florêncio Ygartua, Loureiro da Silva, Frei Betto,Pablo Komlós, Oswaldo Aranha, Lindolfo Collor, Antônio e Laura Mostardeiro...

Estes são apenas alguns dos mais de 250 personagens cujas histórias são contadas em Moinhos de Vento – Histórias de um bairro de Porto Alegre. Escrito por mim, Carlos Augusto Bissón, a obra é uma publicação da Editora da Cidade (Secretaria Municipal de Cultura) e do Instituto Estadual do Livro (IEL). Não se trata, porém, de um trabalho cujo interesse se restringe apenas àquela região da cidade. Pelo contrário, os assuntos abordados em Moinhos de Vento – Histórias de um bairro de Porto Alegre dizem respeito à história da capital gaúcha e do Rio Grande do Sul.

Nas 244 páginas da obra, 20 das quais com fotos, mostro, entre outros assuntos, que o Moinhos se tornou uma confluência, nunca mais repetida na cidade, do dinheiro “novo” com o dinheiro “velho”. Membros de famílias célebres no Estado – Assis Brasil, Chaves Barcellos – conviviam no bairro com os criadores e proprietários de marcas empresariais famosas (Varig, Ipiranga, Panvel, Foernges, Taurus, entre outras). O bairro foi cenário dos agitados acontecimentos pré e pós- 64, já que, nesta época, o centro do poder do Rio Grande do Sul estava instalado ali: o Governador Ildo Meneghetti, seu antecessor, Leonel Brizola, o presidente da Fiergs, Plínio Kroeff, e o da Farsul, Oscar Carneiro da Fontoura. E, quando estava em Porto Alegre, o presidente João Goulart se hospedava no apartamento da mãe, Vicentina (Edifício Santa Luiza, na 24 de outubro).

MODERNIDADE E TRADIÇÃO NO MOINHOS

Se seu passado é fulgurante de história e tradição, o Moinhos de Vento foi pioneiro, também, em certos aspectos vinculados à modernidade que se tornaram, posteriormente, rotineiros em Porto Alegre. A primeira piscina particular da cidade foi construída no bairro, assim como a pioneira galeria comercial situada fora do Centro. O Moinhos também foi sede das inéditas lojas dedicadas exclusivamente à venda de CDs e à decoração de ambientes. Os Edifícios Arachane, Floragê e Jorge V abrigaram os maiores apartamentos construídos na capital em suas respectivas épocas. Além disso, duas inovações comportamentais surgidas no bairro estão hoje incorporadas de tal forma ao nosso cotidiano que nem percebemos o impacto revolucionário que causaram em sua época. Foi no Moinhos (Rua Quintino Bocaiúva) que Fernando Mendes (Fernandinho) lançou um dos primeiros, senão o primeiro, salão de cabeleireiros masculino do Brasil. E a 24 de outubro era o endereço da Academia do Parque, que disseminou em Porto Alegre o culto aos exercícios e à forma física vigente até hoje.
E há histórias que hoje parecem inacreditáveis, como as corridas de carros no nas quais os rapazes ficavam nus em cima dos veículos. O local era um grande point da juventude nos anos 70, que se reunia ali às centenas para conversar e namorar em voltas dos trailers de cheeseburger.

Além disso, Moinhos de Vento – Histórias de um bairro de Porto Alegre narra a construção do Hipódromo, do Estádio do Grêmio e da Hidráulica. Outra menção importante são os grandes shows nacionais e internacionais promovidos pelo Grêmio Náutico União e Associação Leopoldina Juvenil: Elis Regina e Jair Rodrigues, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Brenda Lee, Domenico Modugno, Maurice Chevalier, Herman's Hermits etc. O livro também conta a história de três assassinatos que abalaram a cidade: o fantasmagórico “crime da Lagoa dos Barros”, o chamado “ Caso Margit Kliemann” e a morte de José Antônio Daudt.
Os elogios a Moinhos de vento - Histórias de um bairro de Porto Alegre se sucedem. O historiador Voltaire Schilling afirmou que a obra é “uma história social da elite gaúcha escrita com notável fluência, na qual, tendo como ponto de referência um bairro de Porto Alegre, é retratada toda a grandeza de um Rio Grande do Sul que o vento levou”. Por sua vez, o articulista Jaime Cimenti escreveu no Jornal do Comércio (Caderno Viver, 24/10/2008) que "a longa e cuidadosa pesquisa resultou numa obra que já nasce clássica, referencial e inspiradora de novos estudos". E Luís Augusto Fischer considerou o livro uma “preciosidade”. Ele é “bem concebido”, escrito num “português culto” e apresenta uma “leitura histórica de fôlego”, a qual “não dá para parar de ler” (Zero Hora, Segundo Caderno, página 6, 28/10/2008).

sábado, 13 de novembro de 2010

O que você não leu sobre o show de Paul McCartney em Porto Alegre


Durante aquelas quase três horas do show de Paul McCartney no Beira-Rio, Porto Alegre teve a ilusão de que era uma cidade cosmopolita, um grande centro internacional. Terminado o show, porém, a magia “européia” logo se quebrou. Gente que saía das arquibancadas e do gramado gritava nos corredores do Beira - Rio “Grêeemiooo, Grêemiooo”. Ou seja, o fato de seu time ter ultrapassado o Internacional no Brasileirão já havia tomado completamente as mentes desses caras em detrimento daquele momento musical celestial que haviam presenciado. Puxa, com que rapidez retornamos ao nosso provincianismo tacanho...

Brincadeiras (digamos assim) à parte, o fato é que as indescritíveis emoções do espetáculo da noite de domingo (07/11) criaram nos jovens que lá estiveram a sensação de que o que a cidade vier a presenciar no futuro em termos musicais ( e artísticos em geral) será um anticlímax. Basta conferir o que tem sido dito nas redes sociais (Twitter, Facebook). Ainda com contornos mal definidos, o sentimento de mal estar vigente é: o que poderia superar Paul McCartney daqui por diante ?Como o assunto ainda vai dominar as conversas da cidade por um bom tempo – e os sentimentos provocados pela música de Paul foram dissecados por Zero Hora na segunda e na terça-feira (08 e 09/11) – cabe mencionar aqui algumas verdades e boatos envolvendo o show que não foram suficientemente destacados pela imprensa.

1. Ao que parece, Porto Alegre não estava incluída no roteiro da tournê de Paul ( Up and Coming) na América do Sul. Felizmente, a DC-7 se “atravessou” nas negociações, a RBS entrou na jogada e eles conseguiram incluir a cidade antes de Buenos Aires e São Paulo. Os patrocinadores (Oi, Nescafé e Lojas Colombo) foram arrumados às pressas.

2. Há um boato de que os custos de montagem do palco, instalação do som e segurança tenham triplicado em relação ao habitual. Porque se tratava de Paul McCartney, garantia de maciça presença de público.

3. Não é verdade que a organização do show na cidade tenha sido impecável. Pelo menos, em termos de tratamento dos seus espectadores. Como ressaltou o fotógrafo Eurico Salis, faltou policiamento ostensivo dentro e fora do estádio, os banheiros orgânicos estavam imundos e sem luz, não havia lixeiras em número suficiente para atendar aquele enorme público e - o que quase causou brigas - se formaram duas filas de espectadores na entrada do Portão 5. Uma “oficial” e outra “alternativa”. Embora o repórter Luciano Périco estivesse alertando sobre esse fato na Rádio Gaúcha desde às 17h, nenhuma providência foi tomada para resolver o problema. Tudo isto, somado às dificuldades de trânsito e estacionamento, faz temer pela organização de uma Copa do Mundo em Porto Alegre.

4. Por falar nos banheiros orgânicos, o site oficial do cantor (http://www.paulmccartney.com/news.php#/2063/2010-11) diz que o movimento provocado pelo show fez com que “trabalhadores colocassem toaletes portáteis para fazer frente ao movimento do público”. Não se sabe se, dizendo isso, os ingleses quiseram “turbinar” o entusiasmo pela presença de Paul em Porto Alegre ou se, de fato, acreditam que os repulsivos banheiros orgânicos só são usados na cidade em situações de emergência...

5. Apesar do tititi causado pela presença de colunáveis e artistas nacionais (como Marina Lima e Fernanda Takai) nos camarotes e no Emotion Club, quem merece aplausos é o pessoal que adquiriu o ingresso Hot Sound Vip. São os cerca de 250 fãs que pagaram... sente-se para não cair... 1500 DÓLARES para ver Paul McCartney. Eles chegaram antes das 13h no Beira-Rio para usufruir dos benefícios oferecidos por esse ingresso. Entre estes, um almoço sem carne (penne, bruschetta, berinjela) - que foi generosamente considerado por eles como tributo ao vegetarianismo de McCartney - bebida à vontade (incluindo-se vodka, champanhe e Johnnie Walker) e, sobretudo, a oportunidade de assistir o ídolo ensaiar antes do show, fazendo aquilo que se chama de passagem do som. Às 16h30, esses fãs ardorosos (e abonados) entraram num Beira-Rio completamente vazio e viram Paul tocar canções dos Beatles que não entraram no espetáculo (como I’m looking through you). O ensaio durou até às 18h, atrasando a abertura dos portões (prevista para às 17h30). Antes do grande público entrar no Beira-Rio, eles foram posicionados pela organização nas primeiras filas do gramado, bem em frente ao palco. A partir daí, terminaram os privilégios. Todos assistiram ao show de pé e não podiam sair dali para ir ao banheiro ou ao bar. Caso contrário, perderiam a possibilidade de serem os fãs que estavam mais próximos do ídolo.

6. Muito se elogiou a vitalidade física de Paul durante o show. De fato, ela, inegavelmente, existe e encantou a todos. Contudo, houve um detalhe na interpretação do rock pesado I've got a feeling que deu - a mim, pelo menos - o que pensar. Na gravação original da canção (incluída no CD Let it be), Paul grita dois ou três "yheahhhs" poderosamente agudos entre as estrofes. No show de Porto Alegre, eles desapareceram. Na época da gravação, o ex-beatle tinha 29 anos. Agora, tem 68. Pergunta: a supressão daqueles gritos foi opção artística ou ele resolveu não arriscar a voz ? A pergunta cabe na medida em que todas as outras 34 cançõe s foram, assim me pareceu, cantadas da mesma forma com que foram gravadas há três ou quatro décadas. A exceção foi I've got a feeling.

7. Finalmente, não podemos deixar de mencionar algo que talvez confirme o ressentimento latente de muitos gaúchos contra São Paulo. Embora o show de Paul McCartney em Porto Alegre abrisse a turnê sul-americana após mais de 10 anos de ausência, a revista Veja não deu uma linha sequer sobre a apresentação. É provável que o astro-pop se torne assunto da dita quando ele realizar seu megashow na capital paulista (21/11 e 22/11). Decididamente, o que acontece na província não interessa ao centro...

O Senado Federal (quem diria) está promovendo a cultura nacional


Lembram-se da gráfica do Senado Federal ? Aquela que, nos anos 90, era suspeita de desperdiçar o dinheiro público imprimindo o material de campanha dos nobres senadores, inclusive, supõe-se, do então (1994) candidato à Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso ? Pois é: ela, como o Brasil, parece ter mudado, e muito. Não se sabe se a gráfica continua atendendo, prioritariamente, aos interesses eleitorais dos parlamentares. Agora, é incontestável que ela, hoje, vem prestando um serviço inestimável à memória nacional através das Edições do Senado Federal. Trata-se de mais de 130 títulos clássicos, cujo primeiro vislumbre na enorme barraca instalada pela instituição na atual Feira do Livro de Porto Alegre (entre pela Andradas e dobre no primeiro vão à direita) provoca um pensamento reconfortante: pelo menos, o Senado está servindo para alguma coisa...e de importância fundamental para quem quer conhecer a História do Brasil.
São obras de caráter histórico-memorialístico que estavam relegadas às bibliotecas de nossas universidades, já que as editoras particulares não têm interesse em reeditá-las. Contudo, elas constituem referência bibliográfica fundamental para quem quiser pesquisar sobre a trajetória brasileira do Descobrimento à República. Todo o candidato a historiador já se deparou, por exemplo, com os nomes de Capistrano de Abreu, Pandiá Calógeras e Francisco Varnhagen. Eles estão à venda na barraca por preços que vão de 20 reais (os dois primeiros) a 30 (Varnhagen). E há também Oliveira Viana, cujo O ocaso do Império sai por inacreditáveis 10 reais.
A historiografia marxista sempre reconheceu o valor documental, descritivo e factual do quarteto acima citado, mas sempre os considerou historiadores conservadores. Contudo, ninguém imputaria tal pecha às opiniões de Eduardo Prado. Seu livro A ilusão americana foi lançado no final do século XIX, vendeu muito e foi apreendido no mesmo dia pela polícia. Motivo: Prado já defendia, naquela época, a tese de que o Brasil deveria ser autônomo em relação aos estrangeiros. Ele dizia, por exemplo, que a fraternidade norte-americana era um blefe. Tampouco se chamaria de reacionário consumado a Joaquim Nabuco, um dos maiores intelectuais brasileiros do tempo do Império. O Senado editou quatro de suas obras, oferecidas a preços que vão de 10 a 15 reais: O Abolicionismo, Campanha Abolicionista no Recife, Balmaceda e A intervenção estrangeira na Revolução de 1893. E quais são os temas de Nabuco, além da questão da escravatura? Ora, Presidencialismo, Parlamentarismo e relações internacionais. Tudo atualíssimo, não é ? Ele chega até a insinuar a necessidade de uma reforma agrária em Campanha Abolicionista no Recife, escrito em 1885...
Há, porém, mais, muito mais. Todo jornalista ouviu falar em Hipólito José da Costa, fundador do primeiro jornal brasileiro (Correio Brasiliense) e nome do nosso Museu de Comunicação Social. Pois ele comparece com Diário de minha viagem à Filadélfia(1798-1799), onde relata suas impressões da nascente república norte-americana. Há Joaquim Manoel de Macedo, autor do terror escolar de nossa adolescência, A moreninha, mas que exercita bem seus dotes de cronista em Memórias da Rua do Ouvidor e Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro. E como não negar o acerto do Senado em relançar essas obras se O Velho Senado, incursão jornalística do nosso gigante das letras, Machado de Assis, pode ser adquirido por irrisórios cinco reais ? Até uma obra capital para se conhecer os primórdios de nosso estado, Viagem ao Rio Grande do Sul (Auguste Saint-Hilaire) está disponível lá. Por fim, o Senado Federal também reeditou a monumental História da Literatura Ocidental (foto), do austríaco radicado no Brasil, Otto Maria Carpeaux (1900-1978). É a maior obra do gênero já publicada no país. São mais de 2.000 páginas, divididas em quatro grossíssimos volumes, os quais são oferecidos a 200 reais. É o título mais caro da barraca, mas, garanto, vale cada centavo. Além de cobrir toda a aventura literária humana, fundamentando-a dentro de um quadro histórico-cultural bastante vívido, Carpeaux tem uma prosa luminosa, acessível a qualquer colegial razoavelmente bem informado.
Todo esse tesouro bibliográfico foi publicado pelo Senado, imaginem, durante as gestões dos peemedebistas Garibaldi Alves Filho e José Sarney (que faz a apresentação de alguns títulos, entre os quais O Velho Senado). Não se espantem, por favor. Como dizia o título de um filme quase tão antigo quanto essas obras, mas sem o mesmo valor cultural, do lodo também nasce uma flor. Pois vá correndo até a Feira do Livro, antes que ela feneça. Aliás, alguns desses livros já foram todos vendidos.Se não conseguir chegar lá até 15/11, vc tem possibilidade de adquirir esses clássicos pelo fone (61) 3303-3579 ou na livraria virtual (www16.senado.gov.br/livraria. O e-mail para contatos é livros@senado.gov.br . Aproveite !

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pastor critica a "guerra santa" da campanha eleitoral


Dá vontade de aplaudir o artigo "Pelo fim da guerra santa nas eleições", escrito pelo Pastor Walter Altmann e publicado na Zero de domingo (17/10). Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB), Altmann diz que é princípio fundamental da Reforma de Lutero (foto) o respeito à consciência de cada pessoa e que são "incompatíveis com a fé cristã as tentativas de sacralizar o embate político, sobretudo de satanizar ou demonizar pessoas ou forças políticas adversárias". E o pastor completa: "quem o faz (...) deve ser qustionado se não está sendo ele próprio instrumento da injustiça e do mal". No artigo, o religioso luterano prega que se avalie, "acima de tudo" as propostas dos candidatos Dilma e Serra, especialmente, entre outros tópicos, se elas são exequíveis e se avançam a justiça e a solidariedade no país. A postura assumida pelo Pastor Altmann é admirável num momento em que as seitas auto-intituladas "evangélicas" introduzem no cenário político o debate "medieval" sobre o aborto e prelados da Igreja Católica se dividem entre os que demonizam furiosamente Dilma e os que cerram fileiras em torno dela incondicionalmente. Cabe lembrar que que a Igreja de Confissão Luterana, cuja fé foi professada por muitos dos homens que construíram a industrialização gaúcha (Renner, Wallig, Gerdau, Bier etc), conforme demonstrei em meu livro Moinhos de Vento - História de um bairro de Porto Alegre (Editora da Cidade/IEL, 2° ed.), não foi sequer relacionada entre as 20 instituições religiosas consideradas pelo Censo do IBGE como representativas do povo brasileiro. Santa ignorância.

Serra e as criancinhas

Escrito por mim, este texto foi publicados nos sites de dois amigos meus, jornalistas do RS: www.previdi.com.br/ e http://www.deolhoseouvidos.com.br/
" Caros irmãos
O fato de a questão do aborto ter ocupado tanto espaço em nossa imprensa e na campanha eleitoral reforçou em mim aquilo que todos nós, brasileiros, sabemos: o Brasil é um país profundamente religioso. E, mais do que isso, visveralmente católico. Sendo assim, me convenci de que o que precisamos é de um presidente que seja, acima de tudo, fervoroso católico. Somente um governante católico poderia defender os dois valores mais importantes para o nosso país: o direito à vida, que é inalienável, e as nossas criancinhas, que são o futuro do Brasil. E, ao ver José Serra comungando na Basílica de Aparecida, ao constatar que sua mulher, Mônica (foto), estava tão tomada de êxtase cristão que lágrimas corriam-lhe pelas faces, eu próprio, compungido, concluí: Ecce hommo! Ou, mais brasileiramente, esse é o cara !
Porém, como Pedro naqueles instantes anteriores à sua negação de Jesus, somente uma dúvida atormenta meu coração, no momento em que mal contenho minha vontade de ir ao encontro do candidato tucano em Porto Alegre, como outrora os 12 apóstolos, de acordo com o livro santo, acorreriam ao chamado do nosso Salvador.
Minha dúvida é:
Será que Serra, eleito presidente e sendo tão profundamente católico, vai fazer com as nossas criancinhas o que os padres têm feito com os menininhos deles ?"

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Garotos da fuzarca no Moinhos Shopping


A partir das 17h30 de sábado (e, às vezes, nos domingos), um trio de personalidades que tem uma longa e exitosa trajetória na vida portoalegrense se reúne no Moinhos Shopping. Ele são o jornalista, radialista e atual cronista do jornal O Sul, Jayme Copstein, o antigo crooner do Conjunto Norberto Baldauf e atual consultor de empresas, Luiz Octávio Albuquerque, e o ex-piloto de corridas, fotógrafo e homem que ensinou aos gaúchos que viajar (sobretudo para o exterior) era uma atividade civilizatória, Flávio Del Mese. A conversa gira tanto em torno dos acontecimentos da semana como de fatos do passado portoalegrense, tudo envolvendo música, jornalismo, política etc. Muitas vezes, o tom humorístico da conversa é bastante corrosivo, pois estes garotos da fazurca, tendo mais de 70 anos e muitos quilômetros rodados no RS e no exterior, viram poucas e boas no Rio Grande do Sul e no Brasil. E o que é revelado ali sugere que, ao contrário da lenda, não é só o (resto do) Brasil que é uma piada... É frequente que muitos admiradores do trio se juntem em torno do Flávio, do Jayme e do Octávio. Na foto, vocês vêem a mesa da turma, situada no primeiro piso do Moinhos Shopping (aquele cuja entrada é pela Rua Tobias da Silva). Da esquerda para direita: Marco Abreu (engenherio eletrônico que trabalham com música, produzindo CDs), o Jayme Copstein (de boné e lendo), eu (Carlos Augusto Bissón, autor e infatigável divulgador do livro Moinhos de Vento - Histórias de um bairro de Porto Alegre), o "Alemão" Octávio (que, desde jovem, sempre "sai bem na foto"), Sérgio Reis (apresentador veterano da televisão gaúcha, e que tem um programa no Canal 20) e Flávio Del Mese.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Arnaldo César Coelho fala de livro do Moinhos no SportTV



Arnaldo César Coelho (foto) exibiu e comentou o livro Moinhos de Vento - Histórias de um bairro de Porto Alegre no programa Bem, amigos, do SportTV. Isto aconteceu por volta das 23h10 de segunda-feira (11/05). De forma muito simpática e generosa, o ex-juiz e atual comentarista de arbitragem da Rede Globo se referiu ao trecho do livro no qual é citado. Trata-se do jogo disputado por Internacional e São Paulo pelo Campeonato Nacional de 1973. Naqueles dias, a Companhia Jornalística Caldas Jr. e, sobretudo, a Rádio Guaíba eram soberanas na cobertura futebolística. Dada a envergadura daquele jogo, seria natural que o locutor Pedro Carneiro Pereira transmitisse a partida. Chefe do Departamento de Esportes da Guaíba, Pedrinho era o melhor e mais famoso narrador do Rio Grande do Sul. Ele havia se criado no Moinhos de Vento e era filho de Pedro Pereira, médico famoso na cidade nos anos 40 e um dos fundadores da Sociedade de Pediatria do RS. Além de locutor, Pedrinho também era um apaixonado por corridas de automóveis, frequentando as pistas na condição de piloto (foi presidente do Automóvel Clube do RS). Em 21 de outubro, um domingo, havia a disputa de uma prova no Autódromo Internacional de Tarumã no mesmo horário no qual o Internacional jogava no Beira-Rio. Pedrinho optou por correr e cedeu o seu posto na cabine da Rádio Guaíba para Armindo Antônio Ranzolin. Durante o primeiro tempo da partida, o plantão esportivo Antônio Augusto pediu ao Corpo de Bombeiros que se dirigisse com urgência a Tarumã. No Beira-Rio, todos os torcedores suspeitaram que havia ocorrido um acidente na corrida. Mas o pior veio depois, quando Antônio Augusto anunciou que dois pilotos tinham morrido: Ivâ Iglesias e Pedro Carneiro Pereira. Foi um choque terrível para todos os presentes no Beira-Rio. Os torcedores nem se importaram muito quando o São Paulo fez o primeiro gol ( a partida terminaria em 2 a 2). O locutor Armindo Ranzolin cancelou a transmissão, provocando os aplausos de todo o Beira-Rio, já que a audiência da Guaíba era total. Em seguida, houve uma paralisação da partida. Arnaldo César Coelho era o juiz e decidiu homenagear Pedro Carneiro Pereira com um minuto de silêncio. Todo o estádio ficou de pé. Eu tinha 13 anos e estava lá, porque, na época, era torcedor do Internacional (hoje me considero ex, já que não me afetam os resultados futebolísticos). Pedrinho tinha apenas 35 anos. Esta é uma das narrativas que Moinhos de Vento - Histórias de um bairro de Porto Alegre traz para o conhecimento dos mais jovens, a qual Arnaldo César Coelho (com a contribuição de Ruy Carlos Ostermann, que também estava naquele Bem, amigos) gentilmente relembrou em rede nacional.